Tudo que pensei em falar e não falei porque me calei



Se eu digo o que penso em dizer, penso o quanto irei calar você, você que não tem coragem de dizer o que tem vontade, e por isso, se esconde atrás das palavras não ditas. Eu falo para você e vejo nos seus olhos a tristeza de ouvir o que eu penso e que você não tem coragem em dizer, por isso, falo por você e por todos que se calaram por não ter coragem de dizer o que pensam.

Calam-se todos os dias as vozes que tentaram falar, calam-se vozes que não deixaram falar, calam-se vozes que falaram e não foram ouvidas, calam-se vozes, pessoas e sonhos. Eu falei o que você não queria ouvir e por isso estou aqui a escrever o que falei e o que tentei falar e acabou ficando para trás.

Palavras são jogadas e engolidas, palavras que ficam guardadas nas margens da ignorância sábia da sua consciência descansam. Inconscientes palavras que ficam escritas em uma folha em branco próximas ao abismo da solidão. Palavras que não são aproveitadas e falas que não são ouvidas, apenas são jogadas no canto da sala e ficam à espera das suas palavras.

Eu gritei para você ouvir e ninguém me ouviu, todos estão surdos na multidão, á multidão não fala mais e não ouve mais, só segue o caminho que os olhos do outro caminha. Doutrinaram as palavras, o pensamento e os sentimentos. Doutrinaram minhas escolhas, meu pensar e minhas palavras. Quero falar, mas ninguém me ouve mais, quero escrever, mas não escrevo mais, sabe porque? Porque eu não me ouço mais, dentro de mim, vive outro alguém a me guiar, a conduzir minhas palavras e assim não digo mais o que penso, apenas, ouço vozes no silencio.

Vozes do alem,

Vozes a quem,

Vozes do bem.

Minha voz, sua voz, nossas vozes vivem a sussurrar, a declamar sonetos ocultos, poemas obscuros e frases confusas. O texto que escrevo é contrário ao seu pensar e por isso faço do confuso uma forma de me expressar, pois a minha fala ficou a desejar. Mesmo que tente dizer não irá conseguir me ouvir, pois o vento trouxe uma nova voz, a voz do sonhar, não vou me calar, mesmo sabendo que você não irá ouvir, mas continuo a cantar.

Hoje eu caminhei sozinho em um campo verde de palavras, onde colhi todos os verbos a lhe falar, mas você não os ouviu novamente, por isso me calei, para mais uma vez não dizer o que pensei, porque você mais uma vez não irá me ouvir.

Calo-me novamente.

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